sábado, 7 de agosto de 2010

o homo se diz sapiens, mas será que há mesmo "sapiência"?


Há séculos rola uma filosofia muito importante e bonita que (mal resumidamente) nos diz que tudo o que acontece vem para o nosso bem. Essa verdade elementar da natureza já foi sacada por vários sábios ao longo da história da humanidade. Seja lá qual for sua crença e até mesmo não crendo em nada, temos que concordar que essa “lei”, de que tudo acontece para o nosso bem, é muito confortante para qualquer ser humano diante das adversidades e perrengues que a vida impõe a todos. Eu, particularmente, acredito nisso: que toda mudança é para melhor, e que todos os percalços são para o nosso aprendizado. Portanto: tudo vem para o nosso bem.

Mas, limitados que somos ainda, estamos sujeitos às confusões da interpretação. Muitas descobertas, sacadas e ensinamentos adquiridos pela humanidade através dos tempos foram e são, até hoje, erroneamente interpretados. “Opa! Erroneamente? Então você está admitindo a existência de um certo e um errado?”

Sim. Dentro da relatividade que abraça a tudo (como nos provou aquele malucaço genial da língua pra fora), existe o certo e o errado, o bem e o mal, a vida e a morte, e todas as outras dualidades características desse mundo em que nos encontramos.

Aí, aquela pulguinha rebelde atrás da orelha joga a idéia na cabeça: “Mas se tudo vem para o bem, logo o mal não existe. Não preciso me preocupar. Tudo é perfeito e maravilhoso!”

Sem dúvida, tudo é lindo, perfeito e maravilhoso. Mas atenção: Saber que tudo o que nos acontece vem para o nosso bem não nos exime da responsabilidade que nos cabe desde o primeiro segundo em que saímos da barriga da nossa mãe. A responsabilidade do direito da escolha, da faculdade de pensar, da capacidade de discernir, que nos torna diferentes (mas nem por isso melhores) de todos os outros seres, nossos irmãos, desse planeta em que moramos.

Por poder raciocinar, escolher e arbitrar, somos senhores dos nossos atos. Por esse motivo devemos, além de agradecer, respeitar e fazer valer esse don que nos foi dado.
Pra que você pensa? Pra que você tem iniciativa e vontade? A resposta pode variar muito de pessoa pra pessoa, mas parece óbvio pra todo mundo que algum motivo para isso existe. Negar essa parada, é colocar o ser humano na condição de máquina sem criatividade e sem poder de decisão. Justamente duas características que definem essa espécie. É negligenciar o que qualquer ciência admite: que toda ação tem uma conseqüência. É jogar no lixo essa coisa tão preciosa e bonita que a natureza nos deu: o livre-arbítrio.

Portanto, saber que tudo vem para o nosso bem não pode servir de desculpa para a nossa apatia, preguiça e covardia diante da responsabilidade que a vida nos cobra. Tudo é lindo e perfeito, mas nós também somos responsáveis por essa perfeição. O passado nunca poderá ser mudado, e tudo o que ele trouxe foi para o seu bem. Mas o futuro é a nuvem de infinitas possibilidades que se apresenta diante de você esperando as suas atitudes e decisões para virar realidade. Dentro dessas possibilidades existem as que vão te ajudar mais ou te atrapalhar mais. Consequentemente, ajudando e atrapalhando aos seus semelhantes que tão aí na sua volta.

Então fica esperto meu/minha camarada! Você é inteligente, você tem tarefas, você tem responsabilidades. Além de ser tudo e ser todos, você é um indivíduo à parte. Você é um ser humano!

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