terça-feira, 27 de julho de 2010

DIAS ÚTEIS



Segunda-feira, começa a semana e muita gente já vislumbra um futuro próximo que só chega na próxima sexta.

Tava aqui pensando: de onde vem a expressão “DIA ÚTIL” ???

Aquela consulta rápida na Wikipédia, e a confirmação do que eu já imaginava: “Dia útil é um dia que não é sábado, domingo e nem feriado”. Ou seja, a noção que se criou de “Dia útil”, é aquele dia em que se trabalha, estuda, produz.

Mas peraí. E os outros dias em que não trabalhamos, estudamos, nem produzimos nada?
São INÚTEIS ???

Posso estar enganado, mas, na minha cabeça, junto com o surgimento das práticas comerciais, surgiu a noção de trabalho.
Com o passar dos séculos, as organizações sociais humanas foram se formando cada vez mais em torno do trabalho. Lado a lado, veio caminhando a PRESSÃO SOCIAL. “Aquele que não trabalha, não produz nada para a sociedade”. Essa triste afirmativa é responsável pelo pesar e a culpa de milhões de pessoas no mundo. Muitas delas não tem oportunidades de trabalho, e outras tantas simplesmente não querem trabalhar.

Entra em cena aqui uma outra expressão: “DIA DE BRANCO”.
Essa não é usada como termo oficial por empresas, governos e instituições monetárias, mas é bem conhecida pelo Brasil afora. Ao falar dela, há de se ter cuidado, pois a expressão sugere um racismo implícito. Eu, que busco amar aos brancos, negros, índios, orientais, animais, vegetais e minerais da mesma forma, não quero ser pejorativo com ninguém, e sigo minha especulação aqui de forma sincera. Fazendo uma rápida pesquisa na internet (quanta informação a sociedade do trabalho foi capaz de nos oferecer!) sobre a expressão “Dia de Branco”, encontrei várias hipóteses e explicações diferentes para a origem do termo. Mas até agora não saiu da minha cabeça a idéia de que essa expressão surgiu dos índios latino-americanos, nas primeiras décadas de seu contato com os europeus que aqui chegaram. Não vou me aprofundar no absurdo de exploração e genocídio que foi (e ainda é) a “conquista” da América Latina, mas, ao perceber a cultura européia de ACUMULAÇÃO de riquezas, é bem possível que os índios tenham passado a se referir aos dias de trabalho como “dia de branco”. A cultura dos índios remete muito mais à AUTO-SUFICÊNCIA e à HARMONIA com seu habitat, que a cultura de ACUMULAÇÃO que predomina nos tempos de hoje, e já predominava na época do “descobrimento”.

Em tempos de caos ecológico, e provas mais do que suficientes de que a sociedade organizada somente em torno da trindade TRABALHO-PRODUÇÃO-ACUMULAÇÃO excede a capacidade do planeta de prover recursos suficientes para a existência da vida, é necessário voltarmos nossos pensamentos para o lado CONTEMPLATIVO da vida.

Os dias em que não trabalhamos, não estudamos e nem produzimos nada, SÃO SIM MUITO ÚTEIS.

Nesses dias podemos parar e contemplar o mundo que nos cerca. Lembrar que somos pequeníssimas partes de um planeta e de um universo em eterna mudança. Que dependem de um equilíbrio muito delicado do qual também somos responsáveis. Nesses dias, sobra tempo pra lembrar que o PRESENTE é o que se vive, e que temos de ser eternamente gratos à vida enquanto o ar que respiramos, a água que bebemos, e o alimento que nos nutre nos forem fornecidos.


Aí “Vagabundo”, viva o trabalho e viva também o ócio!


MUITA PAZ
abraçOM

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